Diário visual de uma mochileira: Atacama e Bolivia

Durante uma viagem, é onde posso me conectar com a essência da minha fotografia e ter total liberdade para enxergar a vida como eu quiser. E talvez seja por isso que viajar é uma das principais partes do meu processo criativo, pois é onde eu me recarrego e reinicio criativamente.

Em agosto de 2019, eu embarquei rumo ao deserto do Atacama e Bolivia, sozinha, apenas com uma mochila nas costas e a minha câmera na mão. As fotos ficaram praticamente esquecidas, já que em casa de ferreiro o espeto é de pau (shame on me! ), mas eu ouso dizer que elas estavam maturando, como um bom vinho. Aproveitei as últimas semanas para rever elas e tratar, e fiquei surpresa, pois além de não me lembrar como é viajar mais por causa da pandemia, eu já havia me esquecido o quanto essa viagem foi linda e especial.

O poder da fotografia é uma coisa muito louca, né? Um dia mexendo nessas fotos, escutando as músicas que eu escutava na época, tomando um vinho chileno ao cair da noite e no fim do dia eu podia até sentir o cheiro da poeira das ruas de San Pedro do Atacama. Sinestesia pura!

Sem mais delongas, deixo vocês com algumas das fotos de uma das viagens mais lindas que já fiz na vida, e ao mesmo tempo uma das mais difíceis, já que não foi fácil enfrentar a altitude da Bolivia no inverno e sozinha dentro de um carro com 5 pessoas desconhecidas por 4 dias, sem 4g, wi-fi ou qualquer contato com o mundo exterior. Mas tirando o frio e alguns (váááárioossss) perrengues, as paisagens compensavam. Espero que gostem. <3

Um casamento gringo com pitadas do Brasil

O Danylo é brasileiro mas mora na Alemanha. A Julia é espanhola, com uma parte da família francesa e hoje mora na Alemanha, onde conheceu o Danylo. Deu pra entender a mistura, né? E no casamento não poderia ser diferente. Eles decidiram se casar aqui no Brasil, próximo da natureza linda que só temos aqui, e escolheram o Haras Villa Real como cenário, e a decoração alegre feita pela Cris Flores reforçou mais ainda as nossas cores, flores e plantas tradicionais. Com várias tradições européias, confesso que algumas coisas nos surpreenderam, como os padrinhos e madrinhas que estavam muito engajados na organização de tudo, nas mesas marcadas com os nomes em cada lugar, e nos jantares empratados em 4 tempos e os discursos entre cada prato. Tudo bem mais formal do que estamos acostumados aqui no Brasil. Mas foi tudo tão lindo e cheio de amor que fiquei encantada com aquela forma de se casar. Foi uma experiência muito única, e não vejo a hora do meu próximo casamento nesse estilo. Agora já posso até falar que estou acostumada com casamento gringo e pronta para entrar em um avião! hahahaha <3

A Colômbia e o seu realismo mágico

Fomos ensinados a não mostrar a nossa vulnerabilidade e fingir que está tudo certo, mesmo quando não está.

No ano passado, passei por uma fase não muito boa, e ao invés de deixar aquilo me dominar, decidi fazer algo a respeito. É difícil admitir aqui que eu não estava bem, psicologicamente falando. A gente tem a mania de ir tapando os buracos e jogar a poeira pra baixo do tapete, mas uma hora isso explode e pode ser tarde demais. Eu decidi dar a volta por cima, procurar inspiração em novos lugares e tentar descobrir o que estava errado comigo. Precisava esvaziar a cabeça pra pensar melhor qual rumo tomar. Precisava me perder para me encontrar.

Em questão de menos de 30 dias, achei que tirar férias e ir para a Colômbia me ajudaria no processo. Respirar uma nova cultura, fotografar sem compromisso, ou simplesmente observar e não fotografar.

Era tudo novo pra mim, estava indo para um país que 7 anos atrás nem se falava sobre turismo. Estava indo pra minha primeira viagem sozinha! Seriam 11 dias em um país( e duas cidades) completamente desconhecidas e o principal: eu não falava NA-DA de espanhol.
 
O planejamento foi corrido e quase inexistente, não tive muito tempo de me programar e fazer um super roteiro. Dois dias antes de embarcar, eu fiz algumas notações de coisas imperdíveis, peguei dicas com amigos e decidi que faria o meu roteiro um dia de cada vez(uma das vantagens de viajar sozinha). Comprei um protetor solar fator 70, peguei minha mochila e enchi ela de roupas ideais para temperaturas que variavam de 38 graus até 5 graus, já que eu iria para extremos meteorológicos.


Decidi que iria de coração aberto e mente limpa, pronta para receber dessa viagem tudo o que me seria proporcionado. E só recebi coisas lindas e aprendi que eu sou mais forte do que imaginava, descobri que estava no caminho certo e que bastava respirar e ficar atenta aos sinais que a vida me dá. Serendipidade total. ❤

Para saber mais sobre a viagem e dicas da Colômbia, no meu Medium tem uma série de posts bem detalhados sobre a aventura: https://medium.com/@maricastro_37680